quarta-feira

Niyama - Autodisciplina

Niyamas são orientações de conduta e disciplinas individuais. Têm como função o domínio sobre os 5 órgãos da percepção: olhos, ouvidos, nariz, lingua e pele.

SAUCHA, OU PUREZA

No plano físico é um corpo que recebe banhos diários, pratica asana e se nutre de alimentos puros. Segundo a tradição indiana, os melhores alimentos são aqueles equilibrados, como frutas, legumes, vegetais. cereais integrais e água mineral. O yogue deve evitar alimentos que estimulam a paixão como frituras, cebola e pimenta, e desaconselhavel ingestão de alimentos que provocam inércia como o álcool e carne.
Existem técnicas de purificação física chamadas kriya. Para limpar a lingua usa-se um raspador. Um jarro de água com sal despejado em uma narina para sair na outra é usado para desobstruir as fossas nasais. Para os intestinos e estômago usam-se lavagens, dietas e métodos mais radicas, em que o yogue engole uma longa tira de gaze, que depois é retirada aos poucos pela boca. As técnicas de asana e pranayama são suficientes para purificar o corpo físico. Porém, mais importante do que limpar o corpo físico é a limpeza da mente e de emoções perturbadoras, como ódio, paixão, ira, luxúria, cobiça, orgulho...

SAMTOSHA, OU CONTENTAMENTO

O contentamento é um estado de espírito interior de permanente alegria, independente das circunstâncias externas. É um estágio em que o yogue atinge a paz interior. O praticante não de abala pelos desejos ou outros estímulos que possam influenciar sua alegria. Os mestres costumam dizer: "Nunca deixe que a felicidade não dependa de você." Costumamos sofrer por não entender que as coisas são transitórias nesse mundo e somos apegados a elas. Mudando a forma de encarar a vida, o yogue compreende que não vale a pena sofrer. Existe uma máxima no budismo (que tem muitos pontos de contato com o yoga) que diz o seguinte: "Se um problema tem solução, não há motivo para se preocupar. Se o problema não tem solução, aí é que não há mesmo motivo pra se preocupar". Portanto, o caminho é samtosha, contentamento. ou como diria o poeta Oswald de Andrade, "a alegria é a prova dos nove".

TAPAS, OU AUSTERIDADE

É o esforço consciente desempenhado pelo yogue para lacançar a sua meta, a auto-realização. Consiste em transcender através da força de vontade, as limitações naturais. Quem pratica yoga sabe o quanto é difícil trilhar o caminho. Mas, com força de vontade, pode-se fazer coisas incríveis. Basta ver o exemplo de esportistas que batem recordes e quebram barreiras. Um praticante que tem o desejo verdadeiro de aumentar seu grau de consciencia pratica tapas. Para Patanjali, tapas purifica e fortalece o corpo, aguça os sentidos e conduz à perfeição.
Paramahansa Yogananda conta uma história para mostrar a força de tapas. Um sapo e uma rã passeavam perto de uma fazenda quando, num salto desastrado, cairam em um balde de leite. PAssaram horas tentando escapar, mas a boca do balde era escorregadia e alta. Exausto, o sapo desistiu e disse à rã que não adiantaria mais tentar sair, pois era impossível sair dali, iriam se afogar no leite e morrer. Pensando assim, o sapo se deixa afundar e morre. Mas a rã continua tentando escapar. Quando já está sem forças, acreditando que teria o mesmo destino do sacpo, percebe que há algo sólido sob suas patas. Para sua surpresa, todo seu esforço fizera com que parte do leite se trasformasse em mateiga. E ela consegue pular para fora e se salvar. Tapas é isso, força de vontade para transcender os próprios limites.

SVADHYAYA, OU ESTUDO DE SI MESMO

É a dedicação para entender a metafísica do yoga e de si mesmo. Não é apenas o autoconhecimento pela reflexão sobre as escrituras, mas também a aplicação prática desse conhecimento. O principal objeto de pesquisa é a realidade pessoal. Isso significa que devemos ter uma percepção mais aguçada sobre as coisas que nos trazem transtornosmentais e meditar sobre a nossa natureza. Não se trata de um mero aprendizado intelectual, mas de um recurso de meditaçãoi, um instrumento que complementa a prática espiritual. Quando ma aluna diz que acha ruim praticar meditação, pois começava a pensar besteiras, o professor explica "Você sempre pensou besteiras, mas nunca tinha para para refletir em quanta bobagem pensava."

ISHVARA PRANIDHANA

Significa entrega ao senhor, em que senhor é entendido como o modelo ideal a ser seguido pelo praticante. Essa entrega de que nos fala Patanjali implica na renúncia aos frutos das ações, pois cada ato passa a ser dedicado a uma vontade superior à sua própria. Para Patanjali essa prática é um potente método para dissolver as agitações da mente e chegar ao estado de unificação almejado pelo yoga. Muda a nossa perspectiva, retirando-a da obsessão do Eu. Nessa prática, saimos da estreiteza que é enxergarmos apenas o nosso nariz, como se fossemos uma entidade separada da nossa essência divina.

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