sábado

Dhyana - Meditação

Estado acima de dharana, em que a mente ainda luta para se concentrar em apenas um objeto. Em dhyana, a dispersão mental foi vencida e a fixação no objeto é total, preenche todo o espaço da consciência. Nesse estado não se perde a lucidez e tem-se a impressão de que estamos ainda mais despertos embora a consciência do mundo externo seja nula. A meditação é um método de concentração em cada vez menos coisas, se forma a esvaziar a mente sem perder o estado de alerta. O processo meditativo é o objetivo de todo sistema de práticas do yoga. É interessante notar que, da sua fonte indiana, a meditação expandiu-se especificamente para tradições como o budismo chinês, que traduz a palavra dhyana para ch´an e, mais tarde, para o Japão, onde firmou-se com a tradição do zen.

O yoga propõe niyamas como uma disciplina para obtermos domínio sobre os 5 órgãos da percepção. É interessante notar que o controle desses cinco sentidos é colocado a serviço de um sexto sentido. E aqui não estamos falando de nada sobrenatural, premonitório, "mágico", mas sim de um sentido natural, com possibilidades, limitações e sujeito a ilusões, como os cinco demais. Esse sentido, que nós, ocidentais, nunca incluimos em nossa lista é a mente. Perceber a mente como um de nossos sentidos naturais é um dos caminhos para compreender melhor as concepções de mundo de muitas traduções orientais. Primeiro porque, ao percebê-la como uma função, a exemplo do olfato ou da visão, torna-se mais fácil dissociar o nosso Eu da nossa mente. Simplifica-se a questão do Eu com a seguinte imagem: "Eu não sou a minha mente, mas algo que observa a minha mente". A mente é algo que podemos observar, como podemos observar nosso tato ou audição. Esse é um conceito básico para obter proveito das práticas meditativas. Também é fundamental reconhecer o caráter dinâmico do nosso conteúdo mental. A Baghavad Gita diz que dominar a mente é mais difícil do que controlar o vento. O grande yogue Vivekananda a compara com um macaco louco, bêbado, com fogo no rabo, que foi picado por um escorpião.

Então é impossível dominá-la? Não, é apenas difícil. Mas não impossível. Talvez a maior mensagem do yoga, tanto do hinduismo quanto do budismo, seja justamente esta: dizer-nos que a mente é plástica, que pode sert transformada. Que não tem esse de "está escrito", que sempre é possível mudar e que, até no campo mental, temos o mundo nas mãos. Nossa mente tem uma topografia que foi sendo construída pelas nossas experiências. Meditar, num certo sentido, é não só explorar essa topografia, mas ir além dela, com a meta de encontrar a sua natureza luminosa.

Uma das metáforas mais frequentes para explicar o funcionamento da mente é a história da carruagem citada em várias fontes, como o Khata Upanishads. Nessa carruagem, o dono é o Si mesmo, uma instância que está além do ego. A carruagem é o corpo, veículo de emoções e transformações da matéria. O cocheiro é a inteligência luminosa e intuitiva. As rédeas são a mente discursiva e lógica, que compara e estabelece juízos - a qual escutamos frequentemente. Os cavalos são os sentidos, sempre prontos para sair da estrada e vagar pelas pastagens que atraírem sua atenção.

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